sexta-feira, julho 11, 2008

Escravatura Moderna

Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, futebolista. Depois de uma época fantástica Ronaldo revelou que queria ser o melhor jogador do mundo. E penso que ele tem mesmo todas as condições para ser o melhor em tudo.

Por exemplo em humildade: falhou um penalti na final da liga dos campeões que poderia ter custado a vitória à sua equipa e no final apenas disse que tinha marcado não sei quantos golos, que tinha jogado muito bem, rapidamente se esqueceu que foi o único a falhar, falhou como falha sempre nos grandes momentos e depois revelou um pouco da sua personalidade. Sem dúvida o campeão em humildade, o melhor do mundo.

Mas não é só nisso que ele é o melhor do mundo. Ele também é o melhor do mundo em novelas, basta ver a mais recente que ele está a protagonizar com o Real Madrid e tudo porque é um pobre e mal agradecido, sem carácter que nem é homem suficiente para admitir aquilo que quer. Apenas diz dentro de dias saberão o meu futuro, mas nós já sabemos o futuro de um tipo desprovido de personalidade não precisamos que nos digas. Por isso és o campeão das novelas, o melhor do mundo.

E já são dois títulos de melhor do mundo. Eu acho que ele merece um terceiro, rei das revistas cor-de-rosa. Das suas férias chegam-nos as fotos mais picantes com a sua namorada (que deve ser a rapariga que mais vezes vi nua nos últimos 3 meses) em poses sensuais, e nem vale a pena tentar refrear os ânimos, aqueles dois parecem cães com o cio alimentando outros cães conhecidos como paparazzi. Por isso sem dúvida que ele é o rei das revistas cor-de-rosa, o melhor do mundo.

Mas depois disto tudo Ronaldo pensou: eu sou apenas um dos jogadores mais bem pagos do mundo, dificilmente poderei agora neste Verão tornar-me no mais bem pago, que posso eu fazer? E o Sr. Blatter deu-lhe a solução. E foi assim que o nosso grande pequenino Ronaldo se transformou no escravo mais bem pago do mundo. Escravo? Sim, escravo. É a nova modalidade. Uma pessoa assina um contrato milionário livremente e depois faz birrinha que quer ganhar mais e ir embora e por isso é um escravo.

Aliás a definição está no dicionário. Um jogador de futebol é um escravo. Segundo os historiadores amigos do Ronaldo a guerra civil americana não foi pela escravatura, foi sim por jogadores de futebol. Os do Sul queriam a melhor equipa e os do Norte não gostavam de futebol, como o Norte ganhou o futebol foi erradicado dos EUA. Voltou apenas mais recentemente mas chamam-lhe Soccer que deriva da expressão Sucker – Otário. Só mesmo um otário é que pode querer ser um escravo, mas o nosso querido Ronaldo sonhava em ser um escravo e agora já o é.

Mas ele não é um escravo qualquer, é o mais bem pago escravo do mundo, o melhor do mundo.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Abraço

Coloco os meus braços à volta do mundo e aperto-o com força, na esperança de te abraçar...

domingo, dezembro 30, 2007

Merda

A minha cidade? Vejamos.

Porcaria de cão nos passeios. – MERDA
Lixo nas ruas. – MERDA
Falta de civismo das pessoas. – MERDA
Estradas degradadas. – MERDA
Obras do MTS. – MERDA
Menos lugares de estacionamento. – MERDA
Proibições absurdas de trânsito. – MERDA
Trânsito por todo o lado. – MERDA
Semáforos absurdos. – MERDA
Facturas de água de 0,05€. – MERDA
Parquímetros ridiculamente caros. – MERDA
Não terminarem a variante da N10. – MERDA

A minha cidade? ADORO-A

(to be continued…)

Elvito

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Loucura?

O Domingo é o dia para descansar/dormir, penso que todos concordarão com esta afirmação. No entanto desde sempre é dos dias em que acordo mais cedo, quer seja para aproveitar a manhã, quer seja para andar de bicicleta. Para alguns torna-se difícil compreender esta minha opção, e perguntam-me como sou capaz. Acho que nunca consegui explicar muito bem porque o faço. Porque saio de casa quando o relógio marca 8h e estão menos de 10º lá fora? Sempre o disse que era por paixão, mas soube sempre a pouco a minha resposta.

Mas acho que encontrei a resposta, pelo menos uma que me agrada. Ela encontra-se no livro que estou a ler de momento: SHARMA, Robin, O Monge Que Vendeu o Seu Ferrari, Pergaminho, 10ª edição, 2007. Aqui fica a transcrição:

“- Sabes porque é que a maior parte das pessoas dorme tanto?
- Não, porquê?
- Porque não têm mais nada para fazer As pessoas que se levantam com o nascer do Sol têm todas uma coisa em comum.
- Loucura?
- Que graça. Não, têm um objectivo que acende o fogo do seu potencial interior. São motivadas pelas suas prioridades, mas não de uma maneira doentia ou obsessiva. Fazem-no sem esforço. E como sentem entusiasmo e paixão pelo que fazem na vida, essas pessoas vivem no presente. A sua atenção está completamente virada para a tarefa que têm em mãos, portanto não há fugas de energia. Essas pessoas são as mais vibrantes e enérgicas que hás-de conhecer em toda a tua vida.”

Talvez seja isso, faço-o sem esforço porque me entusiasma e me apaixona o acordar cedo ao Domingo de manhã.

Elvito

sábado, dezembro 22, 2007

Melancolia

Todos os dias vou para o trabalho de autocarro, o 53 da carris, sendo que o costumo “apanhar” no Pragal, local onde deixo também o meu carro. Quando regresso, já noite, nas tardes de Inverno, há sempre bastante agitação naquela zona, carros a passar, fila de trânsito nos semáforos, pessoas na paragem, autocarros, barulho, luzes, enfim uma confusão.

Mas naquele dia foi diferente, naquele dia não havia confusão. Apenas estava presente a luz esbatida dos lampiões e um enorme pesar. Não existiam luzes de carros a circular, barulho, filas, pessoas… A rua estava deserta, e o ar era pesado no meio daquele silêncio ensurdecedor. Um enorme pesar… Era esse o sentimento daquele momento. Foi a primeira vez que vi a minha cidade chorar!

Se fosse possível tirar um instantâneo daquele momento, seria um dos mais belos quadros jamais criados. O pior é que eu não sei se era mesmo a cidade que estava a chorar, ou se era eu que ao pensar na tua partida melancolicamente o imaginei…

Elvito

quinta-feira, novembro 22, 2007

Posição social

Fala-se muito em status e posição social. Os doutores, os engenheiros o povo. Em Portugal é uma coisa por demais nunca se viu nada assim. Qualquer pessoa se intitula de doutor ou de engenheiro. E pior é que apelidam os outros sem que estes o queiram.

Eu toda a minha vida fui um homem do povo, chamo-me David, e sempre foi esse o meu nome, e gosto dele como se escreve. Mas depois que acabei o curso insistem em mudar o meu nome para Dr David, Dr? Eu? Não muito obrigado, David, sem Drs e Engºs. Vou aqui partilhar duas situações que me aconteceram recentemente. E as duas no mesmo local.

Soube através de uma amiga minha que ia abrir um curso de espanhol no Centro de Formação Profissional do Seixal, e lá me resolvi inscrever. Telefonei para lá e:
Eu - Bom dia, queria informações sobre o curso de espanhol.
CF - Bom dia, lamento informar mas as vagas já se encontram preenchidas, só num próximo curso possivelmente no próximo ano.
Eu - Ah pois sabe... Só agora me informaram...
CF - Pois se tivesse ligado há 2 semanas atrás... mas se quiser posso lhe enviar uma ficha de inscrição e fica já inscrito para o róximo curso. Mas como tenho muito trabalho só lhe posso enviar isso amanhã.
Eu - Ok. Mas se for para o próximo curso não vale a pena me enviar que por essa altura espero já estar em Espanha a tirar o mestrado e a trabalhar.
CF - Ai é? (mudança de atitude) Então vou fazer o seguinte envio-lhe já a ficha de inscrição e o senhor preenche e reenvia. Não lhe prometo é que haja vagas.
Eu - ok.

Passados 20 minutos tinha a ficha e passados 30 reenviei. Neste momento estou a fazer o curso, porque era doutor. Ontem durante a aula de espanhol, enquanto revelávamos as nossas profissões todos foram dizendo a sua uma a uma, militar, secretária, socióloga, biotécnóloga, administrativa, fiel de armazém, etc. O que a meu ver são tudo valorosas profissões e algumas até me parecem interessantes, quando foi a minha vez:
Prof - Y tú David que haces?
Eu - Yo soy Economista.
Prof - Uiii

Uii? Que tem isso de especial, todos os anos se formam centenas deles. Enfim, não compreendo as cenas dos Drs e Engºs, para mim somos todos iguais, e somos todos de valor. Detesto estas manias portuguesas...

Quando me vires já sabes, trata-me por tu, chama-me David.

Elvito

Ver e ouvir

Crianças a correr

Crianças a sorrir

segunda-feira, novembro 12, 2007

Cusquice

É recorrente em Portugal considerar as velhas como os seres mais cuscos que existem. Todos se queixam de ter uma vizinha que está sempre a espreitar por trás das portas, ou dos cortinados, de ter uma vizinha com o ouvido encostado à parede para ouvir o mínimo murmúrio, enfim, de ter uma velha no prédio dele que é uma cusca! E não há só uma no prédio, há uma lá na rua, no bairro, no lugar, na aldeia, ele há vários títulos para uma só função: A velha mais cusca.
No entanto eu não concordo que as velhas sejam os seres mais cuscos, não o são! O ser mais cusco em Portugal é o automobilista. E pior que ser mais cusco que uma velha a atitude cusca do automobilista causa grave prejuízo aos que o rodeiam. O centro da minha análise é a Ponte 25 de Abril, ex Ponte Salazar. Quando acontece um acidente no sentido Norte – Sul, ao contrário do que seria de esperar, fica fila de trânsito nos dois sentidos. E porquê? Porque os cuscos que viajam no sentido Sul – Norte abrandam para ver o que se passou, necessidade de ver sangue? Com esta atitude provocam filas massivas de trânsito que vão afectar todos os que vêm atrás. Para não falar nas vezes em que provocam acidentes devido ao abrandamento rápido e inusitado, surgido da necessidade de cuscar o que se passa no outro lado!
O mais recente exemplo desta atitude estúpida dos automobilistas aconteceu na última quinta-feira, saí mais cedo do emprego meia hora e cheguei meia hora mais tarde que o normal a casa. E eu ainda tive sorte porque só demorei 60 minutos, quem saiu depois de mim demorou entre 90 – 120 minutos. E porquê? Porque havia uma operação STOP na praça das portagens no sentido Sul – Norte, e com os milhares de cuscos que iam a passar no sentido Norte – Sul a abrandar houve um mega engarrafamento de trânsito na Ponte. Isto faz algum sentido?
Para mim não faz sentido nenhum. E pior é que agora em vez de termos apenas uma velha cusca na nossa rua, bairro, lugar, aldeia, temos centenas se não mesmo milhares de cuscos a circular por aí, só à espera que algo aconteça para abrandarem e poderem apreciar bem a desgraça dos outros. Tenho imensas saudades dos tempos em que sentia os olhos das minhas vizinhas cravados em mim, observando cada passo, perguntando-me as coisas mais inesperadas, nessa altura levava apenas 15 – 20 minutos a atravessar o Tejo, agora… Nem sequer quero pensar nisso.

Elvito

Ps: enquanto escrevia este texto ouvia uma buzina insistente no exterior. Mais um engarrafamento provocado por um automobilista? Não sei, não sou cusco não fui espreitar.